Esse animal pode pesar 200 gramas, e
medir cerca de 10 centímetros de comprimento e 20 de altura. Sua concha é
escura, com manchas claras, alongada e cônica. Além disso, sua borda é
cortante.
O biólogo Robert Cowie, da
Universidade do Havaí, conta que os primeiros exemplares do
caramujo-gigante-africano Lissachatina fulica chegaram ao país
na década de 1930 por meio dos imigrantes japoneses que queriam criar esses
animais como bichos de estimação. Desde então, esse molusco acabou assumindo o
controle ecológico e ganhando espaço na agricultura entre as espécies nativas
da região.
Já na década de 1960, os
caramujos-gigantes-africanos foram levados para os Estados Unidos de uma
maneira quase inacreditável: de acordo com o site Wired, um menino que passava
as férias no Havaí com a família acabou guardando consigo alguns exemplares do
animal.
Foto: Roberta Zimmerman, USDA APHIS
Nessa época, os caramujos já estavam
sendo combatidos no Havaí e mal sabiam os americanos que eles logo se tornariam
uma ameaça por lá também. De volta para casa, o menino logo se cansou dos
moluscos e os entregou para sua avó, que acabou por soltar os caramujos no
jardim. Como essa espécie se reproduz com muita facilidade, não é difícil
imaginar a dimensão da situação que o menino inocentemente criou.
No Brasil
Presente em diversas partes do
planeta, especialmente na África, O caramujo africano invasor Achatina
fulica foi introduzido no Brasil a partir de Estados do Sul e Sudeste
em pelo menos três ocasiões. Atualmente sua distribuição já abrange 24 dos 26
estados e o Distrito Federal. Populações densas dessa espécie vêm causando
incômodos à populações humanas, danos à jardins e pequenas plantações, além de
atuarem como transmissoras de duas zoonoses (angiostrongilíase abdominal e
meningoencefalite eosinofílica) e outras parasitoses de interesse veterinário.
Campeões de reprodução
Além de serem hermafroditos, os
moluscos africanos são, digamos bons amantes. Assim fica fácil entender como a
espécie conseguiu se espalhar pelo mundo inteiro. O biólogo explica que esses
animais possuem os dois sexos e se adaptam de acordo com a situação. Em alguns
casos, eles conseguem até mesmo cruzar reciprocamente.
Uma nova infestação
A má notícia é que em 2011 ocorreu uma
nova infestação na Flórida. Desta vez, não foi nenhuma criança adorável quem
carregou os animais de volta para o território americano, mas sim praticantes
de religiões ligadas ao vodu. Dá pra acreditar?
Cowie explica que o muco do animal é
utilizado em alguns rituais e ele suspeita que os praticantes tenham soltado os
caramujos na região de Miami para que eles pudessem se reproduzir livremente.
Embora o animal seja usado em rituais de cura, existem relatos de que as
pessoas que ingerem o muco do molusco passam violentamente mal.
Independente de quem seja a culpa, a
nova infestação preocupa as autoridades competentes. Para termos uma ideia da
dimensão do problema, estima-se que os agricultores tenham recolhido 137 mil
caramujos nos últimos dois anos. Em termos de comparação, apenas 17 mil animais
tinham sido coletados na década de 1960.
Uma vez fertilizado, o caramujo
enterra centenas de ovos a alguns centímetros da superfície do solo. Por causa
do tamanho impressionante da espécie – que pode chegar a medir 30 centímetros e
pesar quase meio quilo –, os pequenos moluscos nascem maiores do que as
espécies nativas, o que representa uma vantagem contra os predadores.
Porém, enquanto o animal se
multiplica rapidamente, o seu combate é muito mais demorado. A Flórida precisou
de sete anos para erradicar os caramujos e em alguns países simplesmente não é
possível controlar o número de animais.
O impacto ambiental
Hoje, os moradores de Miami são
obrigados a conviver com essas criaturas que causam uma série de transtornos.
Além de se alimentarem de 500 tipos de plantas economicamente relevantes na
região, os moluscos gigantes estão começando a devorar as casas, preferencialmente
aquelas cujo acabamento contém cálcio, que é a substância que eles mais
precisam para manter seu crescimento e fortalecer suas conchas. Ou você pensou
que era fácil manter o corpinho em dia quando se é um caramujo gigante :) ?
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Foto: © D. Robinson, USDA-APHIS-PPQ |
Se isso já não fosse o bastante, esses animais também estão
atrapalhando a vida dos motoristas, que precisam ter cuidado redobrado ao
dirigir por áreas infestadas. Por causa de suas conchas grandes, fortes e
pontiagudas, elas acabam furando os pneus dos veículos que passam por cima
delas. Todos esses problemas estão fazendo com que o estado da Flórida
desembolse milhões de dólares na tentativa de combater os animais.
Talvez você tenha imaginado que incluir esses animais na
alimentação seria uma boa saída para diminuir o número de exemplares soltos na
cidade. De fato, os caramujos-gigantes-africanos podem ser consumidos, mas eles
precisam ser extremamente bem cozidos para eliminar o risco de doenças, já que
essa espécie é hospedeira natural do parasita que causa meningite. Ainda
existem casos de pessoas que ingerem o animal inadvertidamente, afinal, eles
estão presentes em muitas plantas que também fazem parte da nossa alimentação.
Agora, o que realmente não deve ser feito é jogar sal em cima do
molusco. A osmose faz com que o animal desidrate e morra de maneira cruel. Os
moradores que encontrarem caramujos são orientados a utilizar venenos
específicos ou reportar às autoridades competentes.
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